O Dia de São Jorge, celebrado no dia 23 de abril, é marcado por festejos e homenagens a esse santo tão presente na cultura popular brasileira.A data escolhida é marcada pela morte de Jorge de Lida, um soldado romano que se recusou a abandonar a fé cristã e teve sua morte decretada pelo imperador Diocleciano, em 303.O santo guerreiro é relevante em todo o mundo, sendo inclusive padroeiro da Inglaterra. Mas, no Brasil, ele ganha ainda mais força e a crença em torno dele se potencializa graças aos laços que o unem aos mais diversos aspectos da cultura popular, como as religiões e a música. São Jorge é considerado o padroeiro informal da cidade do Rio de Janeiro, que tem como verdadeiro dono da função São Sebastião, que dá o nome de batismo à cidade: São Sebastião do Rio de Janeiro.Em 2019, o santo guerreiro alcançou o posto de padroeiro oficial do estado do Rio de Janeiro, quando o então governador Wilson Witzel promulgou a lei que faz de 23 de abril um feriado estadual. Antes, desde 2001, o feriado ficava restrito apenas à capital fluminense.Por lá, o Dia de São Jorge é coisa séria. Os festejos começam às 3h, com alvorada e missa em duas igrejas dedicadas ao santo:Os eventos costumam arrastar milhares de devotos do santo, que levam e acendem velas, agradecem as graças obtidas e fazem promessas para o ano que virá.No caso de Quintino, os fiéis podem comer o tradicional angu, servido durante todo o dia.São Jorge se potencializou no Brasil também por conta do sincretismo religioso com orixás cultuadas na Umbanda e no Candomblé, religiões perseguidas no país por séculos. A associação com santos cristãos foi uma ferramenta encontrada para manter sua fé em segurança, sob disfarce.No caso do santo guerreiro, sua imagem é associada com Oxóssi, orixá da caça e das matas, na Bahia. Em estados como o Rio de Janeiro e São Paulo, São Jorge foi sincretizada com Ogum, o orixá do aço, das lutas e batalhas.É daí que nasce a história cultuada de que as manchas na Lua são, na verdade, uma imagem de São Jorge/Ogum montando em seu cavalo, empunhando sua lança e matando um dragão.A oração de São Jorge tem presença tão marcada na cultura popular que já foi musicada e regravada inúmeras vezes, sobretudo por artistas devotos do santo de Ogum.Em 1975, no álbum “Solta o Pavão”, Jorge Ben Jor gravou sua versão, que depois foi refeita por Zeca Pagodinho e adicionada a “Ogum”. Maria Bethânia também cantou.Ouça abaixo a versão lançada por Zeca nesta terça-feira (23), que conta com o rapper Djonga:Confira a oração completa:Ó meu São Jorge, meu Santo Guerreiro e protetor, Invencível na fé em Deus, que por ele sacrificou-se, Traga em vosso rosto a esperança e abre os meus caminhos. Com sua couraça, sua espada e seu escudo, Que representam a fé, a esperança e a caridade, Eu andarei vestido, para que meus inimigos Tendo pés não me alcancem, Tendo mão não me peguem, Tendo olhos não me enxergue E nem pensamentos possam ter para me fazerem mal. Armas de fogo ao meu corpo não alcançarão, Facas e lanças se quebrarão sem ao meu corpo chegar, Codas e correntes se arrebentarão sem o meu corpo tocar. Ó Glorioso nobre cavaleiro da cruz vermelha, Vós que com a sua lança em punho derrotaste o dragão do mal, Derrote também todos os problemas que por ora estou passando.Se está ligado ao samba, São Jorge haveria de ser enredo das escolas carioca e paulistas. No Rio de Janeiro, o destaque fica para o desfile de 2016 da Estácio de Sá, que contou a história e passou pela devoção ao santo guerreiro com “Salve Jorge, o Santo Guerreiro”.Em São Paulo, a Acadêmicos do Tatuapé também cantou São Jorge, mas em 2014 com “Poder, Fé e Devoção, São Jorge Guerreiro”.Além dos desfiles inteiros em sua homenagem, o santo também já foi celebrado em trechos de outros cortejos muitas vezes. A mais recente delas em 2023, quando a Vila Isabel fez um enredo sobre as festas populares ao redor do mundo e construiu uma alegoria com uma escultura toda em ferro de São Jorge montado no cavalo e matando o dragão.No Rio de Janeiro, nesta terça-feira, escolas como Unidos do Viradouro, Paraíso do Tuiuti, Estácio de Sá e Imperatriz Leopoldinense farão feijoadas em homenagem a São Jorge. O prato é também uma tradicional oferenda para Ogum.Em São Paulo, a Acadêmicos do Tatuapé também fará um evento do gênero e apresentará nele seu enredo para o Carnaval de 2025.
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